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Luana Godoy

5 de jul. de 2024

#2 O que o fotômetro me ensinou

Essa é uma história que vale a pena

Essa é uma história que vale a pena. É sobre liberdade que o fotômetro me ensinou.

Mas o que é o fotômetro, afinal? Toda câmera possui um sistema interno que mede a quantidade de luz que entra dentro dela. É uma reguinha que fica lá dentro do visor. Ela aponta para mais ou para menos, conforme a quantidade de luminosidade, indicando se a foto estará mais superexposta (clara), subexposta (escura) ou se está com exposição média. Quando você olha dentro do visor da câmera é possível vê-la logo abaixo do quadro da cena. Serve como um termômetro de luz para auxiliar o fotógrafo.


Quando eu estava no início da fotografia, ainda me aventurando com a câmera, e aprendendo com conhecidos, uma pessoa me falou que quando eu estivesse fazendo uma foto eu precisava olhar o fotômetro e me assegurar que ele estivesse zerado, ou seja, marcando a exposição média, nem muito clara nem muito escura, no meio do fotômetro. Depois que aprendi isso a minha base para fazer toda e qualquer foto era zerar o fotômetro. Eu usava todos os botões da câmera com esse único objetivo. Fotografei assim por uns dois anos. Mas comecei a sentir dentro de mim uma grande angústia, por dois motivos:

  1. Eu não via sentido em fazer fotos sem emoção e ficava sedentamente procurando sorrisos e abraços nos eventos em que eu fotografava.

  2. Apesar de sentir que a fotografia era algo incrível e desafiador, eu não sentia alegria em fotografar, nem em ser chamada de fotógrafa. Porque não sentia que as minhas fotos eram bonitas, ou especiais. Não via diferença entre elas e fotos de celular. Muito menos sentia que tinham a minha cara ou identidade.



Foi aí que eu percebi que havia algo errado. Eu, que amava arte e criatividade desde sempre, como podia não amar uma das 7 artes? Então comecei a pesquisar sobre fotografia, sobre criação, experimentações e busquei aprender bem a base da fotografia, que é o tripé ISO, diafragma e obturador. O que eu não sabia era que o que faltava para encontrar o verdadeiro propósito era a coisa mais importante: a minha identidade.

Eu não tinha ideia, mas um simples fotômetro foi minha prisão por muito tempo. E como foi que eu percebi isso? Quando fiz um curso de fotografia básica, mesmo já fotografando há uns 3 anos, uma professora fez uma pergunta pra mim, durante uma aula prática, em que eu não conseguia fazer a fotografia proposta: porque você precisa zerar o fotômetro? Essa pergunta foi como um estalo em minha cabeça. Eu não sabia responder. E foi nesse instante que eu percebi o quanto aquela regra me barrava. O quanto aquela norma embutida no meu aprendizado me colocava em um local confortável em que não existia desafio, não existia erro, não existia sombras, e não existia luz! Existia apenas a exposição média, sem muito contraste, sem muito brilho. Foi quando deixei de seguir a regra do fotômetro que me encontrei na fotografia. As orações que eu fazia a Deus foram atendidas. Enfim, eu era boa em algo, enfim eu tinha um desafio, um caminho, um talento, uma expressão.


O aprendizado que eu tive com o fotômetro foi especial. Entendi que quando se trata de arte, nós expressamos aquilo que está dentro de nós. Mas se você se permitir seguir regras, ou aquilo que alguém disse que tem que ser, ou não pode ser, você elimina um vasto mundo de possibilidades e criações. E se torna só mais um. A fotografia me ensinou que cada pessoa tem dentro de si algo único, e o que permite a expressão desse algo de forma genuína, independente do que faz, é ter uma alma livre. Quando você vive de acordo com regras que alguém criou você deixa de ser quem poderia ser, deixa de ser você.

Nossa versão mais bonita e realizada está nas regras e convenções que não deixamos de seguir, na coragem que não manifestamos, nas decisões que ainda não tomamos e na liberdade que ainda não decidimos viver.


Desejo que você também, um dia, encontre o seu fotômetro.


Com amor,

Luana Godoy


#fotografia  #criatividade #artista #criar #vidacriativa #almalivre

© 2025 por Luana Godoy.

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