
Luana Godoy
17 de jul. de 2024
#3 O que ninguém fala sobre as estradas digitais
Um novo olhar urgente sobre o universo das redes
No meio digital encontramos muitas pessoas. Todos os dias, cada vez que olhamos para o celular ou computador. A internet é hoje onde as pessoas estão, isso é inegável. Mas o que ninguém fala é que, muitas vezes, essas pessoas estão, por trás da tela, feridas. Em busca de algo que elas mesmas não sabem o que é. E permanecem conectadas: imersas nesse mundo, e no que acontece nele, porque está na palma de suas mãos. O celular se tornou uma extensão do próprio corpo. É impossível, para muitas dessas pessoas, passar um dia longe do celular. E talvez também seja pra você.
GAMAM
Que a força das grandes empresas como Google, Apple, Meta, Amazon e Microsoft (GAMAM), dominadoras das plataformas, é gigante todo mundo sabe. É tão grande que se tornou anormal, inclusive, não fazer parte desse ecossistema. Que espanto é para nós, alguém que não tem Facebook, por exemplo. Imediatamente rotulamos essa pessoa como desconectada, atrasada, fora da realidade. Mas o que não temos consciência é sobre o funcionamento da lógica que essas plataformas seguem.
Você já se perguntou por que é tão importante que todas as pessoas estejam conectadas, consumindo diariamente, produzindo conteúdo, sendo vistas, gerando impacto?
A resposta é simples. Porque nós fomos levados a acreditar nisso. Tais necessidades foram inconscientemente impostas a nós, por essas plataformas, e continuam sendo, o tempo todo. Como uma bola de neve, que assujeita pessoas, empresas e instituições, a muitas regras, com a justificativa da entrega “gratuita” das suas funcionalidades e soluções para gerar lucratividade.
O Big Data
Você já deve ter percebido que os dados dos usuários se tornou o petróleo do nosso tempo. E você já se deu conta de que esse petróleo está nas mãos dessas poucas grandes empresas dos Estados Unidos? E para piorar, somos reféns da não transparência algorítmica dessas plataformas, na cara dura?
Mas quem é o responsável por produzir o conteúdo e alimentar essas redes? Isso mesmo, nós mesmos. Eu e você. Somos nós mesmos os próprios produtores de dados e do suco de que se alimenta essas redes, o famoso Big Data. Nós somos os geradores de dados.
E esse sistema lucrativo, em que o próprio usuário é o gerador de informação, em muitos casos, em busca da visibilidade a qualquer preço, gera a “desinformação científica” das redes. Isso é comprovado. Ela se forma a partir de conteúdo criado com objetivo de gerar qualquer tipo de impacto e reter os usuários nas plataformas por muito mais tempo. Uma agressiva competição diária e constante por visibilidade, influência e engajamento. Isso gera a produção da informação pela mera visibilidade, futilidade, agressividade a até falsidade (a exemplo disso as Fake News). E nós vemos isso claramente, não é uma novidade, mas achamos que precisamos “jogar o jogo” dessas plataformas.
Já percebeu que as plataformas tem o total controle do que é mostrado, compartilhado e engajado? Isso fica muito claro quando consideramos que podem impedir que tudo aquilo que é “diferente” seja visto pelas pessoas. O nome dado a essa condição é “algoritmo “. E ficamos conformados com isso, já que se trata de um robô decidindo entre o que viraliza e o que não.
O caminho da missão
Diferentemente do que é apresentado pelo mundo, acredito que o meio digital, para nós, cristãos, é um espaço que vai muito além da curiosidade e do entretenimento. É um espaço de missão, a partir do momento que escolhemos fazer alguma diferença no mundo, trilhando a vida pelos caminhos do bem. Não temos um produto para vender, mas uma vida para comunicar. Um jeito de viver com valores, com amor e preocupação com o próximo.
Mas o nosso silêncio também comunica. Estar ciente dessas ciladas das redes nos ajuda a discernir as lógicas de funcionamento dessas plataformas, e pensar em como usar essas condições a nosso favor, a favor do bem. E nos proteger daquilo que não faz parte do que acreditamos.
Esse News é uma reflexão urgente. Nós precisamos, de alguma forma, interromper a lógica do lucro, a economia da atenção, do consumo, do individualismo e do descarte, vivida dentro das estradas digitais e nos posicionar pela lógica da graça, onde a economia do bem, da fraternidade e do encontro são mais importantes do que a luxuosa visibilidade.
As pessoas estão passando muito tempo do seu dia imersas nos ambientes digitais. Nós pagamos para as plataformas com nosso tempo, e se tempo é vida, estamos pagando com a nossa vida. Então este é o lugar em que urgentemente as pessoas do bem precisam estar. E se posicionar. É um ambiente que torna possível o bem de entrar na casa, no coração e na mente do próximo. Não sejamos, então, meros caminhantes silenciosos dessas estradas.
Temos assim alguns caminhos alternativos nessas estradas:
1)O caminho da proximidade - sejamos pessoas que se aproximam do outro necessitado, como irmão.
2)E o caminho do anúncio do reino - ser o anti influenciador, e usar as redes sociais para anunciar aquilo que acreditamos. Não como cristianismo light, mas por meio de obras. Que seja dada visibilidade às boas ações. Não por modismo, mas de verdade, e de coração.
Deus da a direção, não o caminho. Então vamos caminhar na direção que ele nos pede, sem desvios ou atalhos. E jogar o jogo das plataformas com discernimento, olhos abertos e seguindo a lógica da graça e do bem.
Uma frase para você nunca esquecer:
“Perante a cruz todas as medidas humanas de sucesso são relativizadas pela lógica de Deus.”
Com amor,
Luana Godoy